A CPI da Guerra da Ucrânia
A CPI DA GUERRA DA UCRÂNIA
Os barões da política nacional ocupam os corredores de Brasília para gritar impropérios contra os culpados pelo aumento dos combustíveis. A mais nova investida é a proposta de instauração da CPI da Petrobrás, que pretende escarafunchar o coração da empresa, na esperança de encontrar as razões ocultas para tantos aumentos da gasolina e do óleo diesel.
E se nenhuma tramoia for encontrada nas entranhas da Petrobrás? Pelo que se sabe, fiel a seus acionistas e à lei da paridade, a Petrobrás tem aumentado os preços atendendo aos abalos sísmicos — aumento do dólar — que vêm de fora. Culpar a presidência da empresa, portanto, é dar murro em ponta de faca.
Vai aqui uma sugestão. Para estancar a sangria eleitoral do Bolsonaro, que tal propor a instauração da CPI da Guerra da Ucrânia? Com certeza, encontrarão lá boas razões para entenderem por que as economias mundiais estão se chafurdando nas altas do petróleo e da inflação.
Tanto fizeram, que o pobre coitado do presidente da (nossa) amada petrolífera pediu demissão.
(Não bastou a desastrosa condução da pandemia, agora essa guerra!)
(Em tempos difíceis, até o soberbo neoliberalismo se acovarda!)
Mas como Bolsonaro não manda na Guerra da Ucrânia, resta a seus asseclas seguirem procurando soluções caseiras para aplacar o desespero eleitoreiro do Mito. Enquanto escondem a incompetência e a preguiça do nosso Grande Chefe, vociferaram contra a independência da Petrobrás em definir os preços dos combustíveis. Tanto fizeram, que o pobre coitado do presidente da (nossa) amada petrolífera pediu demissão. E agora, José? Qual será o próximo lance? A próxima artimanha política?
O mais sensato agora é mesmo insistir na instauração da CPI da Guerra da Ucrânia.
Mas o que entristece mesmo a turma do Palácio é que as eleições estão se aproximando e as perspectivas de melhora nos cenários interno e externo são bem remotas. A água já está batendo no queixo, esta é a sensação. Portanto, o que vamos continuar presenciando nos próximos meses é a dança macabra de gambiarras eleitoreiras que contrariam as leis da física, da economia e do bom senso.
Diante do beco sem saída em que o governo se meteu — na sua ânsia de resolver a impotência política de Bolsonaro —, resta-nos nos voltarmos para um antigo problema, cujos efeitos nocivos afetam o comportamento da nossa economia. Falo do nosso modelo de transporte, sabidamente inflacionário, que privilegia o rodoviário em detrimento do ferroviário e das hidrovias. Mas este é outro assunto, que não cabe discutir em momentos de desespero. Talvez o mais sensato agora seja mesmo insistir na instauração da CPI da Guerra da Ucrânia. Por ora, é lá que está a principal origem dos altos preços dos combustíveis.
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