A BANDEIRA ESCULHAMBADA Estou caminhando por uma larga avenida (não é ficção, a avenida existe), olho para cima e vejo uma bandeira do Brasil presa à vidraça de uma janela residencial. A postura da bandeira é de tamanha fragilidade, que me dá a impressão de desespero. É como se ela se agarrasse ao vidro para não despencar do sétimo andar…
NINGUÉM TEM O DIREITO DE INVADIR NOSSOS SONHOS O filme SHINE (95’), direção de Scott Hicks, Austrália (1996), chama a atenção para uma verdade cotidiana. A de que o homem não pode ir contra a sua natureza, sob pena de se destruir. E a resiliência será sua arma para superar obstáculos e impor a sua individualidade. Fica-nos a evidência de…
A OPINIÃO E O FATO Quem não adora sentar-se à mesa de um boteco, ou à mesa da cozinha de casa, ou nas redes sociais, e se pôr a emitir opiniões sobre isso, sobre aquilo? Repetindo ideias alheias, ou reforçando mantras que carregamos dentro de nós como se fossem nossa bíblia? A verdade é que gostamos de dar opinião. Faz…
QUAL É MESMO A COR DA PELE? Neste novo romance de Paulo Scott, MARROM E AMARELO, 155 pg., Ed. ALFAGUARA, somos convidados a caminhar, a passos alucinantes, por ruelas, ruas, avenidas e bairros porto-alegrenses, vendo desfilar, diante de nossos olhos, tristes imagens do cotidiano de pessoas que lutam apenas para sobreviver. E, na busca por sobrevivências, o romance nos faz…
FOME NÃO É FAKE NEWS A última pesquisa de intenção de votos feita pelo Datafolha revela um fato incontestável. A fome não é fake news. Ela existe. Está nos lares e nas ruas Brasil afora. Na geladeira vazia e nas portas dos supermercados. Não há retórica, não há malabarismo linguístico, não há mentira habilmente arquitetada que camufle essa realidade. Tampouco…
QUANDO A MALDADE SE TORNA UM BEM COMUM DOGVILLE, (178’), direção de Lars Von Trier, Dinamarca/Suécia/EUA (2003), quebra com alguns paradigmas a que estamos acostumados quando se trata de concepção de cenários cinematográficos. Essa é uma das surpresas do filme. Mas não a mais importante. Dogville é uma cidade. Até aí tudo bem. Só que é uma cidade desse tamanho…
OS EFEITOS DO DESENRAIZAMENTO Antes de falarmos do romance MINHA CASA É ONDE ESTOU, 156 p., Editora Nós, cabe falar um pouco da autora, Igiaba Scego, uma vez que se trata, o romance, de uma obra claramente autobiográfica. Igiaba Scego é uma escritora italiana, de ascendência somali. Sua família, após a instauração da ditadura militar na Somália, em 1969, é…
NOSSA HISTÓRIA NOS ACOMPANHA Quando decidimos assistir a um determinado filme, sempre teremos uma ou várias razões para justificar nossa escolha. Podemos ser motivados pelo título. Ou pela temática. Ou pela maravilhosa atriz. Ou pelo irresistível ator. Há também a escolha por esse ou aquele diretor, atitude usual àqueles que prezam a direção como fonte segura de bons filmes. E…
OS MONSTROS DOS MARES Quando MOBY DICK, 593 p., Cosac Naify, foi publicado pela primeira vez, em 1851, Herman Melville (1819-1891) já era um escritor bastante conhecido. No entanto, o calhamaço foi um retumbante fracasso. Obra secular, seminal e portentosa, não conheceu, à época, olhos que enxergassem sua importância literária e histórica. Precisou de décadas, até chegar nos anos 1920,…
A FICÇÃO PRECISA DA REALIDADE Sempre que um filme vem com a credencial de ter sido baseado em uma história real, ficamos com um pé atrás a respeito da fidedignidade com que essa tal história real é retratada. É justo, porque sabemos que a liberdade ficcional é condição primeira para que roteirista e diretor possam fermentar a massa dramática necessária…