O PASSADO NOS CONVIDA A REFAZER NOSSO FUTURO O novo romance de Aline Bei, PEQUENA COREOGRAFIA DO ADEUS, 279 pg., Ed. Companhia das Letras, surpreende pelo seu vibrante tom poético. Não que a autora não tenha já utilizado esta arma poderosa em seu romance de estreia — o premiado O Peso do Pássaro Morto. Porém, em Pequena Coreografia do Adeus,…
FICÇÃO COM RETOQUES DE AUTOBIOGRAFIA O romance de Fiódor Dostoiévski, UM JOGADOR, 215 pg., Editora 34, lança uma luz fosforescente sobre a vida do escritor russo, no que tange a seu conhecido vício em jogos. Falido, precisando de dinheiro e pressionado pelo editor — que lhe dá o prazo de um mês para entregar alguma obra —, Dostoiévski, com a…
UMA ODE À SENSIBILIDADE SOCIAL A literatura das secas, relativamente rica em nossa história literária, impingiu na memória coletiva dos brasileiros os sofrimentos dos nordestinos nas suas repetidas labutas para suportar longas ausências de chuvas. Fazem parte do nosso imaginário as carcaças do gado semeando a desolação na paisagem árida. E os retirantes percorrendo o chão trincado pela seca, sob…
À PROCURA DO PRÓPRIO TERRITÓRIO Quando pensamos em filmes de faroeste, vem-nos à mente prateleiras recobertas de teias de aranha. Não é esta a impressão que nos dá? De coisa para ser guardada em sótão? Afinal, quem hoje em dia assiste a esse tipo de filme? A não ser os aficionados? Ou haveria ainda um público disposto a botar a…
A VIDA DE UMA MULHER Kenji Mizoguchi tem como uma de suas temáticas recorrentes o papel da mulher no machista sistema patriarcal japonês. Os homens de Mizoguchi estão sempre à procura da satisfação dos seus desejos. Mas não são só os desejos libidinosos que importam. A demonstração de poder econômico tem um papel fundamental na estratificação social do machismo. Sim.…
UM CORAJOSO HINO AO AMOR Na busca do sonho de ser ator, o diretor japonês Kenji Mizoguchi acaba entrando em contato com a sétima arte por meio de seu primeiro emprego como assistente de realização em uma companhia de cinema. Entrou nos estúdios para de lá nunca mais sair. Prolífico, produziu, na década de 1920, mais de cinquenta filmes mudos,…
O PESADELO MEDIEVAL Kenji Mizoguchi foi (e ainda é) um dos mais prestigiados cineastas japoneses. Muitos o colocam como um dos grandes expoentes da história cinematográfica mundial. Não são declarações baseadas na empolgação do gosto pessoal. Basta visitar sua obra fílmica para se certificar de que Kenji Mizoguchi não só foi um grande artista como também um ser humano de…
MALDITO DIA QUE EU NASCI! Poucos filmes atacam as questões socioeconômicas com tanta virulência quanto o magnífico LADRÕES DE BICICLETA (93’). Com direção de Vittorio De Sica, produção italiana de 1948, o filme fotografa com precisão a angustiante luta de legiões de desempregados pela sobrevivência em um país devastado pela guerra. É o desespero para conseguir um emprego que nunca…
ENTRE DOIS FUJÕES É muito comum querermos insistir em sonhos que se confundem com necessidades. E não interessa de onde vem a ideia fixa de se cumprir um destino. Parece que só nos completaremos se chegarmos lá aonde intimamente nos propusemos chegar. Portanto, é comum alguém querer, a todo custo, a maternidade, a paternidade, uma viagem para determinado lugar, morar…
A OMISSÃO HUMANITÁRIA Ao assistirmos a QUO VADIS, AIDA? (104’), 2020, produção bósnia, juntamente com mais oito países europeus, estaremos nos submetendo a uma lenta sessão de tortura emocional. Esta é a imagem que encontramos para traduzir o nervosismo que nos toma conta ao vermos a personagem Aida lutar pelo que parece ser o impossível. Que alguém pare a barbárie…